Fundações diversificam e compram ações no exterior

Após as grandes fundações terem dado o primeiro passo nessa direção no começo deste ano, agora as entidades de menor porte começam a fazer o mesmo movimento

29/07/2014 – Valor Econômico

Por Thais Folego | De São Paulo

Com a bolsa brasileira vacilante nos últimos anos, os fundos de pensão começaram a diversificar sua carteira de ações no exterior. Após as grandes fundações terem dado o primeiro passo nessa direção no começo deste ano, agora as entidades de menor porte começam a fazer o mesmo movimento.

"A medida que esse primeiro investimento andar bem, as outras fundações se sentem mais confortáveis para propor aos seus conselhos", diz Carlos Takahashi, diretor-presidente da BB DTVM, que administra quatro fundos de investimentos locais que aplicam em carteiras no exterior de quatro gestoras: BlackRock, Franklin Templeton, J.P. Morgan e Schroders.

É o caso da Faelba, fundação da Coelba, que após seis meses de análise aplicou R$ 4 milhões de seu patrimônio, de cerca de R$ 1,4 bilhão, em dois fundos que investem no exterior, um gerido pela BlackRock e outro pelo HSBC. "É um valor modesto em relação ao nosso patrimônio para aprendermos e saber como funciona", diz Francisco Artur de Lima Moacyr, diretor financeiro da Faelba.

Segundo John Troiano, chefe de negócios institucionais global da Schroders, os fundos de médio porte podem aplicar lá fora um percentual maior de seu patrimônio, em comparação aos grandes fundos de pensão, sem ficar desenquadrados. A regulamentação brasileira determina que as fundações acessem os mercados externos por meio de um fundo local do qual não tenham mais de 25% do patrimônio. Dessa maneira, apesar de poderem aplicar até 10% do patrimônio no exterior, as fundações de maior porte acabam tendo mais dificuldade de fazer isso sem se desenquadrar.

A Schroders percebeu o aumento da procura por pequenos e médios fundos de pensão interessados em investir lá fora. Segundo Troiano, comparada à experiência de fundos de pensão de outros países, os brasileiros têm um bom caminho a percorrer. "Nos Estados Unidos, que têm um grande mercado de capitais, os fundos de pensão investem 25% do patrimônio no exterior. No Chile, esse percentual é de 40% e no Reino Unido, de 35%."

Com o aumento da procura, a oferta de fundos também tem crescido. A Votorantim Asset Management (VAM) fechou uma parceria com a Allianz Global Investors, empresa "irmã" da Pimco, para distribuir os fundos da gestora no Brasil. Já a SulAmérica Investimentos se associou a Pantheon para oferecer fundos que investem em participação de empresas fora do país (private equity).