Expectativa de vida no Brasil aumenta 12,4 anos e afeta fator previdenciário

A média de vida de um brasileiro, hoje, é de 74,9 anos

02/12/2014 – Valor Econômico

Por Elisa Soares | Do Rio

A expectativa de vida no Brasil cresceu 12,4 anos de 1980 a 2013. Dados da Tábua Completa de Mortalidade para o Brasil em 2013, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a média de vida de um brasileiro, hoje, é de 74,9 anos. As mulheres continuam com expectativa de vida maior que a dos homens, muito em função da violência. E a grande melhora ocorreu nas parcelas populacionais mais jovens (até cinco anos) e superiores a 70 anos. O resultado é que brasileiros vivem mais e devem trabalhar por mais tempo para ter a mesma aposentadoria. A tábua do ano passado mostrava expectativa média de 74,6 anos.

A população feminina aumentou a expectativa de vida em 12,9 anos de 1980 a 2013. Entre os homens, o aumento foi de 11,7 anos. A diferença na expectativa de vida entre os dois sexos - que em 1980 era de 6,1 anos a mais para mulheres - passou para 7,3 anos a mais em 2013. A diferença se explica pela violência que atinge mais homens que mulheres, segundo o gerente de Componentes da Dinâmica Demográfica do IBGE, Fernando Albuquerque.

O número de homicídios e acidentes de carro explicam a estabilidade na expectativa de vida para adolescentes do sexo masculino, principalmente dos 17 anos aos 19 anos. Em 1980, cada mil homens jovens que atingiam 18 anos, dois não completariam 19, mesma taxa observada em 2013.

"Em 33 anos não tivemos ganho de expectativa de vida entre homens de 17 a 19 anos. A mudança depende de políticas públicas que reduzam acidentes e a violência. A implementação da Lei Seca pode ajudar, mas não dá para prever seu efeito", explicou.

A redução na mortalidade na juventude, de 15 anos aos 25 anos, foi mais expressiva entre mulheres. Passou de 12 mulheres em mil em 1980, para 5 em mil em 2013; redução de 57%. Para homens, a redução foi apenas de 7,6% no período, de 23 por mil em 1980, para 21,5 por mil.

Os maiores ganhos na expectativa de vida, de 1980 a 2013, se concentraram na população abaixo de cinco anos, e aquela acima de 70 anos. A taxa de mortalidade até um ano de idade era de 69,1 em mil crianças nascidas em 1980. Hoje está em 15 para mil. A redução foi de 78%. A mortalidade até os cinco anos passou de 84 a cada mil em 1980, para 17 por mil em 2013. Queda de 79%.

Para Albuquerque, a melhora se deve ao aumento do saneamento, melhora na saúde pública, redução na fecundidade, aumento da escolaridade das mães e ganho de renda. Além dos programas governamentais de atenção ao pré-natal, saúde na família, e Bolsa Família. Na faixa idosa, a cada mil pessoas que completassem 70 anos em 1980, 47,5 não completariam 71. Em 2013, passou para 25,2 em mil.

Entre fatores que contribuíram estão a elaboração do Estatuto do Idoso, programas de vacinação, maior acesso da população de mais idade ao emprego, aposentadoria rural.

Em nota, o Ministério da Previdência informou que um segurado com 55 anos de idade e 35 anos de contribuição para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) terá que contribuir por mais 79 dias para ter o mesmo valor de benefício. Um segurado com 60 anos de idade e 35 de contribuição deverá contribuir por mais 94 dias.